quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O amor é uma constante da vida

Choro facilmente por natureza
sinto tristeza viver sem emoções
a vida não tem que ser cinzenta
se for pintada por dois corações.

Ainda sou do antigamente
quando a aliança era diamante
dormia com ela eternamente
sentia-me nua com ela distante.

O amor é por natureza
a nossa cama, a nossa mesa
fica a casa em escuridão
fica a vida uma tristeza.

A falta de ar é constante
quando o amor é ausente
não é camada de ozono
é solidão simplesmente.

Bate forte, fortemente
sou um poço de emoções
sinto a falta do antigamente
que altera as sensações .

Cristina Ivens Duarte

















quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Um filho imaginado

Amas-me como se  tivesse vida
abraças-me como um filho
levas-me sempre contigo
sou o teu porto de abrigo.

Sinto o teu corpo macio
o teu cheiro a pó de talco
sinto na pele um vazio
se me esqueces no teu quarto.

Sou um peluche apenas
fazes de mim um bebé
durmo contigo a teu lado
ficas feliz, é ou não é?

Guarda-me eternamente
mesmo roto e esfarrapado
lembra-te que já fui teu
um filho imaginado.

Cristina Ivens Duarte


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Sem papas na língua

Eu sou assim, sem papas na língua
ou sim, ou sopas, não sou de bocas
pão pão, queijo queijo, se não gostas
põe à beira do prato, logo à noite
faço um festejo e com as sobras
um bacalhau à moda "Do Crato".
Comigo ninguém grita e se gritar
como sou pequena, em bicos
de pés me transformo numa hiena.
Faz o que eu digo, não faças o que
eu faço, porque se me irritas, o sangue
sobe-me à cabeça e em ti me desfaço.
Perco as estribeiras quando me tiram a razão
com a mentira, faço uma revolução
com a teimosia, chamo-lhe nomes
tão feios que ofendo a sua tia.
Prefiro perder uma amizade
do que a oportunidade de ficar calada.

Cristina Ivens Duarte







segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Um amor diferente

Suspirei de amor e refresquei a alma
até ao dia em que fui Mãe
agora é fogo, é dor que arde
por um amor que só eu sei.

Um menino encantador
ocupou o seu lugar
repousei do outro amor
porque este me faz sonhar.

É sangue do meu sangue
é carne da minha carne
ainda o sinto no ventre
e o meu útero ainda arde.

Romeu e Julieta
foi história, foi brilho
agora mudei de letra
é poesia para o meu filho.

O antigo amor permanece
só está em banho maria
é um amor que não arrefece
mas primeiro está minha cria.

Cristina Ivens Duarte

domingo, 27 de dezembro de 2015

Vesti a pele de sentimentos

Vesti a pele de sentimentos
e despertei os meus sentidos
deambulei a noite inteira
a ouvir os meus gemidos.

Acordei junto ao rio
todo coberto de nevoeiro
foi ele que me invadiu
e beijou-me o corpo inteiro.

A lua estava presente
viu-me nua e amada
com ciume ela sumiu
o nevoeiro da alvorada.

Era noite de lua cheia
ela uivava como louca
tornei-a em meia lua
com um beijo na boca.

Veio o sol que a levou
e a tornou minguante
porque um dia me senti só
e tive a lua como amante.

Cristina Ivens Duarte

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Quando a lua me chamou de irmão


Moribundo e perdido nas ruas
me deito e cubro com as mãos
no chão que me acolhe com ternura

chega a lua e me chama de irmão.

Meu irmão encosta-te a mim
que a fogueira aquece um condado
não sei se te lembras de mim
vivias na rua e embriagado.

Aproxima as mãos das braseiras
e colhe o pão do meu regaço
sente o cheiro da fogueira
dá-lhe um beijo e um abraço.

Enche a barriga de quentura
porque a noite já lá vai
ficas tu mais a lua
porque a rua não tem Pai.

Vem ter comigo sempre de noite
porque a tua lua não dorme
tenho irmãos nos bancos das ruas
à chuva e cheios de fome.

Cristina Ivens Duarte





sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A minha mente estava doente

Desenhei a minha mente
num momento de loucura
quando ainda estava quente
percebeu a minha fúria.

Encolheu-se de medo
mas deixou-me aliviar
disse baixinho em segredo
estás doente, vai-te tratar.

Não lhe dei ouvidos, fiz uns
rabiscos sem conexão
senti-me tonta e desmaiei
deixei cair a mente no chão.

Levantei-a ainda quente
e mergulhei-a em água fresca
agarrou-me pelos cabelos
e chamou-me de grande besta.

Aquele nome ficou-me gravado
entretanto resolvi tratar-me
mediquei-me de uma só vez
e brindei à felicidade.

Cristina Ivens Duarte







quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O meu cúpido

A juventude passou por mim
nem contei os meus amores
e o meu nome ficou assim
chamavam-me Maria Das Dores.

Mas Maria não era o meu nome
de dores eu padecia bastante
o amor que eu queria para mim
vivia num lugar bem distante.

Os anos foram passando
à espera de ser conquistada
surgiu um gaiato vestido de preto
e perguntou-me se eu era casada.

Incomodada perguntei-lhe
se ele vinha de algum funeral
ele sorriu mas, infeliz desabafou
que a vida lhe tinha corrido mal.

Contou-me que era viúvo
e que sofria de solidão
tirou a aliança do bolso
e colocou-a na minha mão.

O nosso olhar se cruzou
até que o cupido me atingiu
o lindo viúvo me abraçou
e o meu peito bateu e sentiu.

Cristina Ivens Duarte



















Contigo é sempre verão

Conheço o teu corpo de lés a lés
beijo-te a alma da cabeça aos pés
és sereia na praia com sabor a sal
o teu bronze dá-te um toque sensual.

Queria acordar contigo à beira mar
desenhar o teu corpo na areia branca
os búzios seriam jóias, as algas, a tua manta.

E nas ondas do mar faria
uma linda história de amor
com os teus belos cabelos ao vento
me perdia no pensamento.

Contigo é sempre verão
és praia o ano inteiro
nunca muda a estação.


Cristina Ivens Duarte

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Não é a casa que nos acolhe

Não é a casa que nos acolhe
é a ternura que nela paira
o fogão aceso em lume brando
o cheirinho a feijão branco
da panela de sopa a borbulhar.
É a campainha que toca
é o carteiro, o som do chuveiro
a musica a tocar e o telefone
a vibrar de mensagens de amor.
Não é a casa que nos acolhe
são os abraços, os sorrisos
o embaciar dos vidros, a lareira
acesa e o pão quentinho na mesa.
O que nos acolhe, é a sopinha
a açorda de coentros, o cheirinho
da cozinha com perfume a sentimentos.
É comer o arroz doce da panela
ainda morno e depenicar as
as partes tostadas.
Ouvir o estalar de cada trincadela
e preencher o coração de aroma
a canela.

Cristina Ivens Duarte







segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Chorei pelos outros mortos

Parti, a minha alma estava enterrada, sufocada,
levitei e resolvi ir cheirar todas as flores que geralmente
um cemitério tem.
Sem corpo, o meu coração voltou a bater fortemente,
um ataque cardíaco estava eminente. A visão que tive
foi tão arrepiante, pois não havia flores para cheirar.
Apenas as minhas se mantinham frescas, eu tinha
acabado de chegar.Foram todos esquecidos,
eram apenas um monte de ossos prontos a serem triturados.
Chorei por todos eles e jurei que iria me vingar.
Saí daquele cemitério fantasma e tornei-me num
demónio.Assombrei, torturei e endoideci todos
os que se esqueceram dos meus companheiros de campa.
A vida deles nunca mais foi a mesma, tinham pesadelos
de arrepiar os cabelos, ouviam zumbidos, vozes que lhes
atormentavam o juízo, olheiras salientes, rangiam os dentes
andavam como zumbis, eram almas penadas.
Porque só no Dia de Finados, os vivos mandam
recados e fazem promessas de amor.

Cristina Ivens Duarte






sábado, 5 de dezembro de 2015

Quinze anos de rega

















Quinze anos de rega, de poda, o nosso amor ainda sobrevive.
Foi difícil acertar nos sulfatos, nos pesticidas, matar as formigas,
os gafanhotos, não deixar criar borbotos, manter o substrato,
tornar intacto, o nosso amor.
Muitas ervas daninhas eram nossas vizinhas, cortamos relações,
comiam-nos os pulmões, o estrume que era difícil de cheirar,
tivemos que nos acostumar, conservar as raízes, fazê-las felizes.
O pior foram as tempestades que nos faziam maldades e nos afundavam
em palavrões, fulminava-nos com trovões que nos deixavam tão feridos
sem nos falarmos oito dias seguidos.
Mas o nosso amor era tão grande que as raízes choravam e nos alertavam
que estavam apodrecer.
Assim que a tempestade passava e o sol raiava, punha-mos o amor a secar
embrulhava-mo-nos num cobertor, fazia-mos amor.
Quinze anos depois aprendemos a controlar tempestades, com para-raios,
para-ventos, continuamos sedentos.






sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Liberta o amor

Ama muito, grita bem alto, faz soltar o asfalto, és vulcão.
Explode, alivia a pressão, deixa sair a lava que te queima as mãos,
solta fumos e fagulhas, abre crateras, rompe as costuras
espalha as cinzas, incendeia as bocas que não sabem beijar.
Sai do inferno, arde, arde de sentimento, bombardeia tudo,
a terra, o cimento.
Queima, faz ferver, grita de prazer, ateia, faz lume,
espalha o teu perfume, encosta o teu ombro e chora,
rebenta, o sentimento não tem hora.

Cristina Ivens Duarte

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Proibir algo é despertar o desejo.

Proibir algo é fechar um coração, andar em contra-mão
é não saber o código da estrada, atropelar o conhecimento
encarcerar, destruir o paladar de cada momento.
Proibir algo é não poder sair à noite, só de dia
é dizer ao pensamento que a escuridão não é boa companhia.
Proibir algo, é não poder maquilhar porque se está a exibir
a provocar, que não se sabe comportar.
Proibir algo é não poder ter cabelo comprido, bem arranjado
saias curtas, corpo bem torneado.
É punição sem crime, austeridade, é cerrar a boca e não
poder  beber o sumo da fruta com o nome de Vida.
Proibir algo é despertar o desejo, acordá-lo, torná-lo maior
é atirar de cabeça sem querer saber o que aconteça.
Depois de acordado, o desejo fica revoltado, esfaqueia
o proibir por o ter encarcerado.
Naquele sangue derramado, fica o desejo aliviado
de poder estar bem com a Vida e ter o sumo aproveitado.


Cristina Ivens Duarte












quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Florbela

Acalma-te amor, não chores
a missão de te fazer feliz é minha.
És a minha querida, a minha vida
quem chora por ti sou eu.
Eu canto para ti no meu colo
embalo e choro.
Encosta-te a mim que eu soluço
soluço, por ti.
Expulso os amargos de boca
que te deixam rouca, cansada.
Descansa que eu faço tudo
por ti, te meto na cama
vais-te sentir feliz.
Acalma-te amor, eu estou aqui
consolo, te adoro
adormece por um segundo
em paz, não demoro.
Vou só ali à janela
a rosa chamou por mim
fez um perfume com o teu nome
"Florbela".

Cristina Ivens Duarte



terça-feira, 24 de novembro de 2015

Voar não está na asa

Voar não está na asa
está na mente
sentir que de repente
estou noutro lugar.
É imaginar que
sou indiferente
que estou ausente
bem perto do luar.
Voar é levitar nas palavras
e deixá-las formar poesia
é perder-me no tempo
com sinfonias.
Sinfonias com sonhos
por realizar, fronteiras abertas
para poder esvoaçar.
Esvoaçar e atirar-me
de um precipício
sem perder o juízo.
Voar não está na asa
está na causa, na causa
que provoca o desejo
o desejo de planar.

Cristina Ivens Duarte



domingo, 22 de novembro de 2015

Outro lugar

Queria mudar, viajar
virar de página
procurar outro lugar.
Ser desconhecida
ter outra vida
numa corrida
com a velocidade
de um comboio
aonde as árvores
correm comigo
e deixam tudo para trás.
Levar o pensamento comigo
e viajar no tempo
no tempo em que era feliz
ser aquela mulher
que sonhava sozinha
sem ter que repartir
os meus sonhos com ninguém.
Queria partir com tempo
sem me preocupar
nem estar atenta com as horas
e levar todo tempo
só a pensar em mim.

Cristina Ivens Duarte




sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Sentimento é arte

Sentimento é arte
é planeta, é Marte
é sol que arde
no reino da morte.
Sentimento é magia
transforma, contagia
é nevoeiro abstracto
que afecta o meu olfacto.
Sentimento não tem cheiro
é mealheiro cheio
de saudades e mistérios
é sofrimento dos vivos
que visitam os cemitérios.
É ponte que separa
a vida da morte
é loucura dos vivos
que sonham com a sorte.
Cristina Ivens Duarte

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Quando o amor morre

Atiras as culpas para mim
de o nosso amor ter morrido
são desculpas de um fracasso
são culpas de um coração ferido.

Se pensas que eu não penso em ti
não pensas com sentimento
atiras as culpas para mim
porque tens fraco pensamento.

Quando não souberes amar
não culpes o teu amor
ateia o lume que faz aumentar
e sustentar esse calor.

E se o amor não resultar
não há culpa, nem desculpas
vence aquele que sabe amar
morre aquele que não escuta.

Porque a culpa é dos dois
pediram desculpa já tarde
de um amor que já morreu
agora é fogo que não arde.

Cristina Ivens Duarte


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Os meus cabelos brancos

Se os meus cabelos brancos falassem
diriam-me para não os pintar
que a tinta apaga a história
e do passado não posso  falar.

São brancos os meus cabelos
têm cor de mulher vivida
foi o tempo que passou por mim
abençoada e amargurada vida.

Fui benzida com esta cor
cor do tempo que passou
a alegria ainda mora
apenas o cabelo mudou.

A vida começa agora
agora de cabelos grisalhos
vou subir todas as árvores
quebrar todos os galhos.

Os meus cabelos brancos
anseiam por um amor eterno
que os penteiem com carinho
numa linda noite de inverno.

Cristina Ivens Duarte





terça-feira, 17 de novembro de 2015

O tempo não me deu tempo

Queria voltar atrás
atrás no meu tempo
mas o tempo não foi capaz
de me fazer criança a tempo.

Queria brincar com o tempo
com as flores do seu jardim
mas o tempo ficou sem tempo
e fechou as portas para mim.

Queria sonhar com o tempo
em que eu tinha tranças coloridas
mas o tempo desfez-me os sonhos
e causou-me muitas feridas.

Agora para matar o tempo
não posso mais brincar
porque o tempo não se importou
que eu deixasse de sonhar.

Ser criança é ter tempo
tempo de crescer
se não se der tempo ao tempo
ela acaba por morrer.

Cristina Ivens Duarte



Quando as nuvens se beijaram

Eu e tu meu amor, partimos ao mesmo tempo.
A despedida não ficou esquecida, pois sabia
que o céu se encarregava de mostrar ao mundo
que os mortos podem beijar.
Atravessamos a luz para o outro lado
sem deixar recado, nem sinal de que um dia
nós os dois seriamos duas nuvens apaixonadas.
Quando já mais ninguém se lembrava de nós
eis que surgiram duas sombras no céu que o sol
empurrou e nos transformou em duas bocas
que se criam beijar.
Era eu e tu meu amor, que partimos com a dor
de não nos termos despedido.
Os nossos lábios se tocaram e formamos
uma linda  história de amor, que apenas no céu
tem outro sabor e fez lembrar aos grandes amantes
a existência de um lugar sagrado, aonde podem ser
guardados, sentimentos puros e amores perdidos.

Cristina Ivens Duarte



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A caminhada

E num dia de inverno
resolvi caminhar..
A neve caí sobre mim
como algodão doce
na boca de uma criança.
Sinto a vida mais branca
cheia de esperança
sem medo que ela
me encharque e estrague
as minhas belas tranças.
Sinto-me feliz, capaz de suportar
o peso dela, pois do chapéu
me esqueci e fui encará-la
frente a frente, com uma calma
de quem tem a vida toda
para se secar .
É um caminho escorregadio
que a minha alma se apega
mantenho sempre o mesmo trilho
e os meus pés não escorregam.
Cada passo que dou
procuro um caminho melhor
capaz de me levar aos céus
.e encontrar um grande amor.
Caminho em busca de companhia
e suavizar a minha agonia
de ter que viver todos os dias
com o receio de que me levem
as pernas e não possa caminhar mais.

Cristina Ivens Duarte








domingo, 15 de novembro de 2015

A magia do abraço

Meu amor, quando te abraço,
acendem-se luzes que iluminam
os nossos corpos, provocando 
uma explosão de emoções.
O nosso abraço, provoca embaraço
fazemos um laço que nunca desfaço.
A nossa corrente é alternada
tu és o abraço, eu sou abraçada.
Somos dois foguetes abraçados,
que quando rebentados
libertamos amor aos bocados.
Foi assim que nos conhece-mos
no meio de um festival
dois foguetes apaixonados
que rebentaram no final.

Cristina Ivens Duarte







sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Improviso de uma criança

Nas tralhas do meu sótão
vasculhei entre o cotão
encontrei chapéus de chuva
que invadiam o seu chão.

Sou criança, nunca vi o mar
dos chapéus criei uma imagem
que há muito eu queria brincar.

Sim, era com o mar
sentir as ondas e baloiçar.

Abri todos os chapéus
formei ondas que só eu podia ver
o mar já estava pronto
do barco não podia esquecer.

Não desesperei, alguns chapéus virei
criei um pequeno bote
que me fez sentir criança
feliz, cheia de sorte.

Quando um dia me perguntarem
se o meu mar tem gaivotas no céu
vou dizer que tenho um só meu
construído com chapéus.
Cristina Ivens Duarte

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Nua

Estou nua, apenas eu e mais ninguém.
Sem  vergonha, a natureza invade
o meu corpo, que há muito tempo
estava escondido.
Ela enche-me de predicados
que nem os namorados
sabem fazer.
Faz-me sentir mais magra
como se eu fosse uma
libélula a poisar nas suas mãos.
Nua, fazia amor
com ela
sem preconceito
do meu corpo.
Quando estou triste
dispo-me sem pudor
sou aguarela numa tela
que o sol se encarrega
de fazer brilhar.
Nua, sinto-me crua
a natureza perfuma-me
a pele com flores
que me dão um cheirinho
de mulher especial.

Cristina Ivens Duarte












terça-feira, 10 de novembro de 2015

Traição

Já não és meu, morreu uma flor
no teu jardim.
Agora, és erva daninha
sem cor, com pequenas espinhas
que se esqueceu de mim.
Traíste-me com outra flor
não me regas-te com amor
sequei a pensar em ti
ao sol, ao calor.
És urtiga no meu corpo
não és flor
não tens cheiro
se picas não és amor
és traidor aventureiro.
As flores que me deste
vou deixá-las morrer
enterra-las bem perto
de quem me fez sofrer.
Sim, ao pé de ti
vou chorar a minha sorte
de ter morrido num jardim
ver o meu amor por perto
que simplesmente
se esqueceu de mim.



Cristina Ivens Duarte



domingo, 8 de novembro de 2015

Oração

Pai nosso
desce do céu
que o Teu nome
é santificado
no Teu reino
preciso de ti
sinto-me crucificado.
O pão nosso de cada dia
está a faltar nas nossas mesas
desce à terra em poesia
acaba com esta pobreza.
Rogai por mim
que não sou pecador
são erros pequeninos
são falhas de amor.
És bem vindo, entre as mulheres
e as crianças
vem depressa não hesites
já não tenho esperanças.
Pai nosso todo poderoso
ilumina o meu caminho
carrego a cruz ao pescoço
contigo não estou sozinho.
Ámen.

Cristina Ivens Duarte















Sou feliz assim

Ás vezes paro e penso
será que alguém é feliz
por me ter conhecido?
Passo despercebida
sou uma ilha isolada
aonde só eu existo
sou praia
sem esplanada.
Bronzeio-me com um sol
especial, que não queima
nem me quer mal
não importa
se não pensas em mim
sou ilha, sou praia
sou mulher natural.
Delicio-me comigo
não preciso estar contigo
és insecto que devora
toda a colheita do meu trigo.
Eu, com a minha praia
tiro a  saia sem pudor
segredos partilho
com ela faço amor.
Entro e saio
as vezes que quiser
a ilha é minha
não é tua
aqui quem manda
é uma mulher.


Cristina Duarte












sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Palhaço infeliz

Sou palhaço
sorrio para fora
choro por dentro
sou um palhaço
em sofrimento.
Visto-me do avesso
roupas sem preço
de cara pintada
de aplausos me abasteço.
Sou um palhaço, não tenho
o meu espaço
apenas sou estrela
do circo não passo.
Oh, a minha vida
é um compasso
cheio de trapos.
De mala aviada
sem destino marcado
sou um palhaço infeliz
de nariz encarnado.
Holofotes apontados
são apenas luzes da "ribalta"
mascarado a toda hora
das minhas roupas sinto falta.
Triste vida a minha
a fazer palhaçadas
farto de ser palhaço
cansado das fantochadas.
A cara manchada
são tintas da minha vida
as minhas lágrimas são
aguarelas, as minhas feridas
são sequelas.

Cristina Duarte







quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Depressão

Suspiro, inspiro
dou voltas ao pensamento
queria estar noutro lugar
sem culpas ou julgamentos.
Sem eira nem beira
confusão que fulmina
a minha mente
doença para toda vida
desespera, não mente.
Sempre ás escuras
no fundo do poço
corda apertada
com nó no pescoço.
Descalça caminho
sem rumo ou destino
minhas dores apago
com drogas e vinho.
Cérebro cansado
neurónios queimados
depressão instalada
morte desejada.

Cristina Duarte









terça-feira, 3 de novembro de 2015

O caçador de luas

Saio de noite com a certeza
que não vou ficar perdida
nas ruas da minha vida.

São barulhos que metem medo
que no escuro fazem segredos
vultos de almas perdidas
não vêm luz nas suas vidas.

Uma sombra me persegue
mais parece um gigante
com uma corda puxa a lua
torna a noite mais brilhante.

É o caçador de luas
que percorre as minhas ruas
faz delas um montinho
que ilumina o meu caminho.

Companheiro da meia noite
que dela não tem medo
guarda as luas para mim
dentro delas os segredos.

Cristina Duarte



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

O meu amor é mel

O meu amor é mel
que escorre no meu corpo
de mulher, é loucura de sabores
que se entranham na pele.
Com a língua, saboreio emoções
entranhadas de açúcar
faço colmeias de amor
aonde sou rainha.
O meu amor é louco
louco por mel
contagia a cama de prazer
enlouquece a minha alma
o meu corpo faz tremer.
Oh, que sabor tem o meu amor
é guloso, gostoso, tem tudo
é pegajoso.
Grito na cama por mais açúcar
chove mel na minha boca
o amor canta para mim
"Esta mulher é louca"

Cristina Duarte







domingo, 1 de novembro de 2015

Aurora

Esperava por ti mas ainda era cedo
na labuta da vida que herdei sem medo.
Vinhas sempre à mesma hora
rezavas comigo, desejavas-me sucesso
rotina diária que eu ansiava
presença divina que eu amava.
Aurora, não apareces-te!
senti que uma tempestade se aproximava
e agora, quem reza por mim?
Sem chão me senti, perdida na vida
quando o diabo surgiu com a mão estendida.
Pediu-me tudo o que era teu, sem dó nem piedade
porque quem fala assim não é Deus
é um poço de maldade.
Avó, tinhas partido sem aviso.
A correr ele foi, tirar os teus botões
que sobraram de uma vida
levada aos trambolhões.
Fechei as portas, corri ao teu alcance
queria te ver mais uma vez
sem que o diabo soube-se.
Ao pé de ti perguntei a Deus
se a tua morte foi sem querer
pois dela tinhas medo e amavas viver.
Com a certeza fiquei que agora estavas bem
estendida no teu leito.
Pus-te as mãos no peito, deixei uma flor
e beijei-te na boca como quem beija
com amor.



Cristina Duarte
 










  

sábado, 31 de outubro de 2015

Falar de amor

Falar de amor, é estar bem com a vida
há tanta coisa linda que nos move,
olha o sol, as flores, as crianças
até mesmo um dia quando chove.
A alegria de um filho,
quando diz que te ama,
com a inocência de um menino,
no aconchego da tua cama.
E um dia de sol na praia,
com as ondas a bater,
faz lembrar que a vida é bela,
não vivas isto a correr.
Devagar como quem come um gelado,
lambe a vida a cada bocado,
quando acabar começa outro,
nunca penses que é pecado.
Cristina Duarte

Criatividade


Criatividade
Tanto se pode fazer com tão pouco,
mil coisas que nem podes imaginar,
chamam-te parvo ou louco,
nunca te prives de sonhar.

Uma coisa aqui,uma coisa ali,
tudo junto faz um quadro,
agarra tudo o que tens,
o que importa é o significado.
Cristina Duarte

Tem de ser agora

Tem de ser agora
as palavras vão surgindo
escrevo com alma
o coração não vai mentindo.
Ocupo o tempo com poesia
tira-me da raiva, passa o dia
são coisas bonitas de fazer
não é difícil, é instantâneo
assim a noite chega a correr.
Nem sempre as palavras saem
com um coração apertado
sem pressa eu escrevo
para que nada dê errado.
Sinto-me bem, não sei porquê
parece loucura para quem não vê
outras coisas poderia fazer
mas realmente a minha alegria
é escrever..
Poesia banal, do senso comum
de quem faz o que gosta
sente cada palavra
tem a letra composta.
Cristina Duarte

Gémea

Sou gémea de coração e alma
tenho uma flor no meu jardim
não são cravos nem rosas
é um girassol virado para mim.
Bem no fundo das entranhas
sinto tudo o que ela sente
foi Deus que nos fez assim
duas criaturas sempre presentes.

Amores assim só no ventre
nove meses de amor
nasci primeiro, ela depois
não é um coração, são dois.
Eu sou ela, ela é eu
ela é bela, bela como eu
não sou eu, somos nós
um só Deus que reza por nós.


                                                          
                                                            Cristina Duarte

Meu amigo(a)

Encosta-te assim em mim
apenas por um momento
abraça-me assim por um dia
não me tires do pensamento.

Guarda o amor na tua alma
arrepia-te com o meu nome
sente muito a minha falta
que contigo, talvez eu sonhe.

Porque o sonhos comandam a vida
e sem ti não teriam sentido
abraça-me em versos e poesia
faz um laço, oferece-me um livro.

Vou-te ler durante a noite
quando a saudade for imensa
deliciar-me com as palavras
lembrar-me de ti, a tua essência.






Cristina Ivens Duarte

Outono



















Outono
Amanhece mais tarde, anoitece mais cedo,
temperaturas amenas, salpicos apenas,
chão coberto de folhas, árvores despidas,
o verão partiu, são estações da vida.
Mangas curtas se guardam, para a próxima estação,
ficam saudades guardadas,
do nosso querido verão.
Cristina Duarte

Filho











Filho
O teu abraço é o melhor aperto da minha vida
sinto no corpo o amor de uma alma querida.
Beijas sem obrigação a minha face, minha mão
ternura que prevalece, fogueira que aquece
nada mais preenche, que este amor sublime
é um rolar de emoções, é um rolo de um filme.
Cristina Duarte

Um amor diferente


Amei de corpo e alma, até ao dia em que fui Mãe
esse amor levitou, foi para o corpo de alguém.
Um menino encantador ocupou aquele lugar
dei descanso ao outro amor, porque este é invulgar.
É sangue do meu sangue, é carne da minha carne
ainda o sinto no ventre e o meu útero, ainda arde.
O amor e uma cabana, foi história, foi brilho
agora leio na cama, poesia para o meu filho.
O outro amor persiste e espera que eu envelheça
pois sabe que eu fico triste, não quero que o filho cresça.

Cristina Ivens Duarte

Poetisa



















Não sou poetisa, nem escritora
pouco tempo tive para aprender
mas tenho a vida toda
para sonhar em escrever.
Com pontes pela vida fora,lutei a vida inteira
escrevo palavras simples, mas à minha maneira.
Tenho uma página aberta, para quem quiser ler
são poemas feitos na hora,feitos com prazer.
Cristina Duarte



















Flores de todas as cores
perfumam o meu jardim
são presentes que me deste
são fortunas para mim.
Este cheiro de perfume
acalma o meu ciúme
do nosso amor intenso
enche a alma de ternura
com tanto odor a incenso.
Dedicações maravilhosas
com violetas, cravos e rosas
nos olhos de uma mulher
são lindas e graciosas.

Cristina Ivens Duarte



Os passarinhos

















Os passarinhos
Sem casas, cheios de frio
nestes dias de chuva não se ouve um piu piu.
Debaixo das árvores, cobertos por folhas
ficam tristes não há sol,com pingos de água
aonde está o melro e o rouxinol?
Estão escondidos, encolhidos, à espera de o sol raiar
a natureza tem destas coisas, sobreviventes delicados
passarinhos molhados,mas sabem aonde estar.
Com asas brancas e grandiosas, as gaivotas vão para o mar.

Uma questão matemática

O amor é uma questão matemática.
Disciplina difícil de compreender
mas se houver gosto e muita prática
é o amor que vai vencer.


















No meio da dificuldade, descobri o meu talento, dar abrigo à sociedade , que se encontra em desespero.Tenho mãos pequeninas, que gostam de ajudar, são fortunas não é ouro, mas costumam brilhar. 

Cristina Duarte























São corações pequeninos, apertados bem juntinhos
oh, o amor é lindo, bem no escuro e vermelhinhos.
Não são almas perdidas, ambos curam suas feridas
nas tempestades e trovões, palpitam no peito
são bombas poderosas, nas relações amorosas
oh, como pode o amor provocar explosões.
Seus estragos profundos que marcam duas vidas
coroas de espinhos bem afiados, marcas de uma vida
de um amor estragado.
Não há mal que dure, coração que perfure
se forem flores oferecidas, essas sim meu amor,
és o meu salva vidas.
Cristina Duarte

A mulher e as flores




















Se as flores não tivessem cor
tão sombria seria a vida
ficava o olhar da mulher
a chorar pela prenda querida.

Teria-mos de as pintar
com tamanha delicadeza
com a mão de uma mulher
para não caírem em tristeza.
Todas brancas seriam
de cor de rosa salpicava
tanto as mulheres sorriam
de como bela a rosa ficava.
Mulher como és tão bela
quando te juntas a uma flor
fazes brilhar qualquer janela
ficas com os olhos da mesma cor.

De roxo fazia a papoila
de amarelo o malmequer
um ramo de flores
para o dia da mulher.
Cristina Duarte

O meu sonho


















O meu sonho
Entrei num sono profundo, sonhava contigo meu amor
ás portas do paraíso eu estava, à procura de uma flor.
Chamava por ti esperando ouvir o eco da tua voz 
não eras tu que falavas, algo estava entre nós.

Louca pela tua presença, descalcei-me e corri até ao eco
foi um pesadelo para mim, gritar mais alto que um protesto.
Oh Deus, como te vou poder dizer que estou aqui?
Percorri todo o paraíso descalça, nenhuma ideia me veio à cabeça 

de repente a magia se deu e senti a tua linda presença.
Vou deixar uma flor para ti, mas descalça vou ficar
as minhas botas serão jarras, as flores o teu olhar.
Cristina Duarte