Esperava por ti mas ainda era cedo
na labuta da vida que herdei sem medo.
Vinhas sempre à mesma hora
rezavas comigo, desejavas-me sucesso
rotina diária que eu ansiava
presença divina que eu amava.
Aurora, não apareces-te!
senti que uma tempestade se aproximava
e agora, quem reza por mim?
Sem chão me senti, perdida na vida
quando o diabo surgiu com a mão estendida.
Pediu-me tudo o que era teu, sem dó nem piedade
porque quem fala assim não é Deus
é um poço de maldade.
Avó, tinhas partido sem aviso.
A correr ele foi, tirar os teus botões
que sobraram de uma vida
levada aos trambolhões.
Fechei as portas, corri ao teu alcance
queria te ver mais uma vez
sem que o diabo soube-se.
Ao pé de ti perguntei a Deus
se a tua morte foi sem querer
pois dela tinhas medo e amavas viver.
Com a certeza fiquei que agora estavas bem
estendida no teu leito.
Pus-te as mãos no peito, deixei uma flor
e beijei-te na boca como quem beija
com amor.
Cristina Duarte
1 comentário:
Muito bonito Tininha. Este, de certeza é dedicado à nossa avózinha.Beijinhos e continua.
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