segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Entrou-me a Madrugada

Pela janela mal fechada,
Perto da hora do cansaço,
Irrompeu-se a madrugada,
Em anéis de fumo baço.

Manteve a posse, o mesmo olhar,
Como os dias, que vagueiam,
E os seus olhos a gravar,
Os meus sonhos que passeiam.

Na sua voz trazia,
A beleza do amanhecer,
Adivinhando que nesse dia,
Lindas estrelas, iriam chover.

Foi uma noite sem sono,
A esperança, ela trazia,
Não me quis ao abandono,
Entrou, e disse-me bom dia.

As mãos e o olhar da mesma cor,
Rosas, como a roupa que trazia,
Num gesto, que parecia ser de amor,
Sorria, e ao partir agradecia.

O rosto rosado, era a razão,
Dela irromper pela manhã,
Fazer parte da sessão,
Do sol a bater no divã.

Cristina Maria Ivens-31-10-2016



sábado, 29 de outubro de 2016

O Teu Nome

Só para afastar esta tristeza,
Para iluminar meu coração,
Vou mostrar toda a beleza,
Do teu nome numa canção.
.........................................
À luz de uma vela acesa,
Vou chorar enquanto toca,
Queimar toda a tristeza,
Do nome que me sufoca.
.....................................

Vou dizê-lo de mansinho,
Como se fala para uma flor,
Embalando com carinho,
O teu nome, meu amor.
........................................
Todo ele cheira a poesia,
Corre no peito como um rio,
Dá aos meus olhos, alegria,
Ao meu corpo, um calafrio.
........................................
Vou cantar devagarinho,
Num canto, bem devagar,
À sombra de um azevinho, 
Quando o ar me faltar.
.....................................
Cristina Maria Ivens-29-10-2016

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Nas asas de uma fada

Ás vezes a vida, parece um nada,
Uma miragem, voltada para o céu,
Depois...aparece uma fada,
Com um olhar doce, de mel.

Deitada sob um tecto luminoso,
Com os reflexos ondulantes das águas,
Ela torna o inverno choroso,
Em ternas rosas rasas.

Como duas pessoas que se amam tanto,
E que se olham  na mesma direcção,
Ah! ela tira a dor... todo pranto,
Preenche de amor o nosso coração.

Até nos pode dar outro amor,
Deixar de pensar em mais nada,
Envolver-nos com tamanho furor,
Com as asas de uma fada.

Dá vontade de ir ter com ela,
Permanecer lá, para sempre,
Como uma estrela amarela,
Presa com uma corrente.

Ser a sua eterna escrava,
Com argolas em tom dourado
Presa a uma roseira brava,
Rodeada de pétalas, por todo o lado.

Cristina Maria Ivens-27-10-2016







quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Um Vai e Vem

Por vezes,  nem sempre,
Ainda bem que é assim,
Se fosse continuamente,
Depressa chegaria ao fim.
...................................
Tem dias, tem horas, 
Que vem, e fica para durar,
Tem outros dias, outras horas,
Que os momentos são chorar.
..................................
É aquela chuva miudinha,
Que molha sem se ver,
Bem ao fim da tardinha,
Como lágrimas a correr.
..................................
Culpamos o tempo,
Pelas nossas trovoadas,
Ele definha o sentimento,
Como se fossem fortes rajadas.
.................................
São desculpas, de mau pagador,
Bem no fundo, sabemos o porquê!
Dizemos que não é falta de amor,
Só é mesmo parvo, quem não vê.
.................................
Não queremos dar parte de fracos,
Desculpa-mo-nos com as intempéries,
Que velhos, são os trapos,
Chorar, são coisas de mulheres.
.................................
Cristina Maria Ivens-27-10-2016







Um Vai e Vem

Por vezes,  nem sempre,
Ainda bem que é assim,
Se fosse continuamente,
Depressa chegaria ao fim.
...................................
Tem dias, tem horas, 
Que vem, e fica para durar,
Tem outros dias, outras horas,
Que os momentos são chorar.
..................................
É aquela chuva miudinha,
Que molha sem se ver,
Bem ao fim da tardinha,
Como lágrimas a correr.
..................................
Culpamos o tempo,
Pelas nossas trovoadas,
Ele definha o sentimento,
Como se fossem fortes rajadas.
.................................
São desculpas, de mau pagador,
Bem no fundo, sabemos o porquê!
Dizemos que não é falta de amor,
Só é mesmo parvo, quem não vê.
.................................
Não queremos dar parte de fracos,
Desculpa-mo-nos com as intempéries,
Que velhos, são os trapos,
Chorar, são coisas de mulheres.
.................................
Cristina Maria Ivens-27-10-2016







quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Um momento louco

Saí um dia, para caminhar,
Soltar o meu sangue das veias,
Não vi alma viva a passar,
Pus-me a falar com as areias.

Sussurram baixinho,
Para que eu me despisse,
Que seu pó era fininho,
Faziam que ninguém me visse.

Achei uma ideia louca mas,
Só estava eu mais o deserto,
Então tirei a roupa,
Deixei-o boca e aberto.

Deitei-me com a dunas,
Em mim, começaram a mexer,
Como se fossem agulhas,
O meu corpo queriam coser.

Rolei nelas, como uma pena,
Senti os meus seios a voar,
A minha alma ficou serena,
Tranquila por sonhar.

O peito até sangrava,
Com a erosão do areal,
O fluido que me molhava,
Me tornava imortal.

Era areia na boca...
Da cabeça até aos pés,
Que ideia tão louca,
De não saber quem tu és.

Cristina Maria Ivens-26-10-2016








sábado, 22 de outubro de 2016

O BÊ Á Bá Da Paixão

Que sentimento tão complexo!
O bê à bá da paixão...
Não é amor, nem é sexo,
É puramente ilusão.

Deixa o coração confundido,
Se se gosta, ou se ama,
Tem a ardência de uma tocha,
O flamejo de uma chama.

E no fogo da paixão...
Se perde muitas vezes a cabeça,
Deixando o coração sem razão,
Fazendo tudo o que lhe apeteça.

Loucuras, atrás de loucuras,
Cegos, sem qualquer percepção,
Esquecendo das horas diurnas,
Regressando na escuridão.

É beijo atrás de beijo,
Soltando a língua voraz,
Pensando que é desejo,
Sem protecção capaz..

O bê à bá da paixão,
Apenas pede "Passarinho,"
Não façamos confusão,
Que o amor pede, " Ninho."

Cristina Maria Ivens-9/10/2016






Silêncio, Sombra e Saudade.

Quando te tiveres ido embora,
Não mais haverá, creio-o, flores,
Apenas searas que choram,
No próprio dia em que tu fores.

Te guardarei no meu regaço,
Quando chegar esse dia,
Pensar que ao longe eu perdia,
Para sempre o som dos teus passos.

Lembraste da última vez,
As trovas que cantaste para mim?
Puseste em bicos de pés,
As rosas do nosso jardim.

E quando a lua prateava,
Na nossa sombra abraçados,
Até a noite orvalhava,
Como dois olhos molhados.

Tudo ficará como um deserto,
Devaneio, sonho, irrealidade,
Mas, ao longe te sinto tão perto,
No silêncio, na sombra, e na saudade.

Cristina Maria Ivens-22-10-2016


terça-feira, 18 de outubro de 2016

Perto Dos Malmequeres

Ah! como eu gostava....como seria bom!
Poder amar-te de outra cor,
Diferente, de qualquer outro tom,
Semelhante ao nosso, eterno amor.

Embalar-te na vida com desvelo,
Levar-te comigo, roubar os céus,
Que ninguém pudesse vê-lo,
Todo coberto com mil véus.

Queria tirar ao sete estrelo,
A luz que iluminasse o teu olhar,
Poder na noite sempre tê-lo,
Sempre e sempre...mesmo a sonhar.

Talvez até pudesse dar-te mais!
Além do que possas imaginar,
Mergulhar em lindas bolas de cristais,
E poder estar-te sempre a acompanhar.

Sei que a lua está longe mas, mesmo assim,
Morrer juntos podemos sempre... se quiseres!
Ou então, se preferires, no nosso jardim,
Faleceremos perto dos malmequeres.

Cristina Maria Ivens-18/10/2016



sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Alma Azul

Sou das mais estranhas criaturas,
Com ideias tresloucadas,
Como as famosas pinturas,
Em galerias fechadas.

Deu-me uma ideia, de pintar o céu,
Em tons de azul, para ser original,
Depois notei que azul já ele era,
Alguém o pintou de cor igual.

Logo pensei, quem foi o malandro!
Que me roubou as ideias,
Se só durmo de vez em quando,
E guardo as tintas nas meias.

Fui ver as cores que me faltavam,
O azul, estava quase esgotado!
O branco e o preto rebentavam,
Só me restava o encarnado.

Não sabia, se havia de fugir,
Esperar, que mordessem o anzol,
Já nada tinha, nem vontade de sorrir,
Roubaram-me a cor, debaixo do meu sol.

Cristina Maria Ivens-14/10/2016








quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Se eu pudesse...

Se eu pudesse!
Nas lindas manhãs orvalhadas,
Raios de sol espalhar,
Andava contigo abraçada,
Como uma rosa a desfolhar.

Se eu pudesse!
Nas cálidas tardes de verão,
A fúria do mar aplacar,
Para ouvir a voz do teu coração.

Se eu pudesse!
Nas amenas noites de Outono,
Canções ao piano tocar,
Envolver-me contigo no teu sonho.

Se eu pudesse!
Nas gélidas madrugadas,
Lágrimas no teu rosto enxugar,
Para docemente te aliviar,
Das tuas dores caladas.

Se eu pudesse!
A alegria e o amor incondicional,
Num longo beijo dissolver,
A felicidade seria paranormal..

Naquelas horas de descuido,
Tocando em nós,
Com apenas um olhar, um suspiro,
Um carinho, uma canção,
Um tremor de mãos.

Cristina Maria Ivens--13/10/2016




sábado, 8 de outubro de 2016

Semblante tristeza

Nasci à luz de uma candeia,
Na qual azeite ardia,
Numa casa em que havia,
Travessas de agonia,
Mil um buraquinhos,
As aranhas faziam ninhos,
Nos meus tristes olhinhos
Revestidos de fina teia.
E quando era noite de lua cheia,
Ela vinha ao telhado rondar,
E começava a espreitar,
Com raios de prata fina,
Era talvez a luz divina,
Que comigo vinha cear.
Mas nos dias de muita chuva,
Caía em mim a tristeza,
A lua perdia a beleza;
E pelos buracos do telhado,
Começavam a pingar,
Gotas de água sobre a mesa...
Eram lágrimas de uma deusa,
Que por Mim vinha chorar.

Crisrina Maria Ivens-7/010/2016









quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Ao Dar-te A Mão

Ao dar-te a mão,
Entrego os meus fantasmas,
Me abstraio da solidão,
Mergulho em doces plasmas.

Rejuvenesço num só dia,
Retorno à minha infância,
Onde tudo é alegria,
Incenso e fragrância.

Ao dar-te a mão!
Sei que adormeço,
E que no chão...
Eu não tropeço.

Nas tuas mãos vazias,
Entrego os meus dias,
Minhas sombras abismais.

Depois peço-te!
Que me leves o medo,
Com um beijo em segredo,
E não partas nunca mais!

Cristina Maria Ivens



terça-feira, 4 de outubro de 2016

Um Passarinho

Naquela manhã,
Das poucas vezes que saí,
Encontrava-me só, em campos abertos.
Estava exausta!
Era quase meio dia,
E naquela solidão,
Faltou-me a alegria.
A paisagem era linda,
E pairava ali,
Um silêncio profundo,
Como se só
existisse,
Eu no mundo.
De repente o silêncio foi quebrado,
Pela melodia de um passarinho,
Que a exibia,
No alto de um raminho;
Confesso que devia, 
Ouvi-lo até ao fim,
Porque aquela melodia,
Era dedicada para mim.

Cristina Ivens Duarte-3-10-2016