quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O Pescoço Dela...


São lindos...os seus contornos
corações no pescoço dela
delineados, como pretos tordos
finura de uma gazela.
.............
Sua pele cor de leite
textura de cetim...
não precisa de enfeite
cravos, rosas ou jasmim.
.............
E eu olhando para ela
sentindo-me um paspalho 
de ver uma coisa tão bela
e eu...pouco nada valho.
............
Cristina Maria Ivens-28/09/2016

Fado

Sou do fado...
comecei...vivo um poema cantado
de um fado... que eu inventei
a falar...não posso dar-me!
mas ponho a alma a cantar...
e as almas... sabem escutar-me.
Chorei---chorei
poetas do meu país
troncos da mesma raiz
da vida que nos juntou.
E se vocês...
 não estivessem a meu lado...
então... não havia fado
nem fadistas como eu sou!!
Esta voz ...tão dolorida
é culpa de todos vós
poetas da minha vida
esta loucura de ter voz.

Porque O Mar É Salgado?

Queiram lá saber...
quão salgado é o meu mar
são as lágrimas a descer...
e os sonhos a cristalizar.

Cada gotícula oculta...
na minha face chorando
marca a tristeza abrupta
de querer amar sonhando.

Oh mar!...oh mar!...oh mar
porque sonhas acordado!!.
deixa a maré chorar..
torna o meu amor salgado.

Abraça as águas dos rios
e mergulha em ondas doces
tempera os meus sonhos frios
como se meu amante fosses.

Se tu não fosses salgado
farias toda a diferença
o meu corpo iodizado
morreria de carência.

Cristina Ivens Duarte    18/07/2016




A Minha Hora

Fiz um pedido ao meu destino
sempre com a face a sorrir...
para sonhar com este caminho
na hora que eu ia dormir...

Era um sonho absoluto
queria conhecer aquele lugar...
enterrar o meu ser diminuto
e não ter como voltar...

Jardinar a minha campa
mesmo antes de morrer...
não fosse uma sulipampa
impedir o destino de acontecer.

Segui os astros e as estrelas
como fora combinado...
nas brisas frescas e amenas
aguentei o meu corpo curvado.

Cheguei à hora  marcada
com um traje folclórico...
um chapéu a combinar com nada
já tinha acontecido o meu óbito.

O meu propósito não foi em vão
era o que eu temia acontecer...
ver a minha alma no chão
minutos antes de morrer...

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte






O livro que só queria ser lido

Eu queria apenas ser lido
umas quantas páginas por dia
não estaria aqui caído....
se fosse um livro de bijuteria

As minhas histórias não são em vão
denunciam casos da realidade...
contos que quebram o coração
milagres sobre a maternidade.

De fictício também tenho um pouco
imaginar faz parte de mim...
se assim não fosse...ficaria louco
a realidade tem tanta coisa ruim.

As minhas histórias são raras delicias
capazes de vos surpreender...
são doces como ternas caricias
que nos envolvem... começando a ler.

O meu intuito é o encantamento
preencher os corações vazios
a leitura por breves momentos
tempera os vossos dias frios.

Assim...neste prado me ostento
com uma cadeira por perto
ofereço um singelo assento
mantendo o meu livro aberto.

Cristina Ivens Duarte-12/08/2016






Consoante o tempo

Ora choras, oras ris de felicidade
no verão, outono ou inverno
o tempo sabe de toda verdade
o quão a tua vida é um inferno.

Ocultas o que de ti tens mais belo
finges ser tudo o que não és...
por vezes o teu sol é amarelo
um azul inconstante como as marés.

Suspiras sonhos como luas
brilhos de luzes fluorescentes
estrelas que não são tuas
desejos com olhos carentes.

Tu és a mudança do tempo
moinho que gira sozinho
que sente a lufada do vento
que chora a perda de um filho.

 E ao tempo tu não enganas
o tempo dá conta de ti...
essa felicidade que tu emanas
é tristeza que nunca vi.

Cristina Maria Ivens

O coração que carrega

O coração que carrega o peso,
da carga do meu triste navio,
tem os olhos de um menino indefeso,
no convés sobre um vento bravio.

Os soluços são pequenas batidas,
gritos que partem os mastros,
mensagens de aurículas sofridas,
taquicardias que vêm dos astros.

Navego no meu sangue venoso,
com destino a uma artéria pulmonar,
embriagada com o efeito gasoso,
só regresso quando a maré baixar.

De tão curto que é o meu descanso,
tenho dias que me apetece parar,
o meu corpo suplica por amanso,
um cais para poder desembarcar.

Penosa é a carga emocional,
que esmaga toda a minha aorta,
o meu olhar deixa de ser racional,
descaio as pálpebras, feito morta..

O coração que carrega o meu eu,
navega agora num caixão sombrio,
porque choveu tanto e sofreu, sofreu,
naquele convés e ninguém viu.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte.







domingo, 25 de setembro de 2016

No silêncio Do Meu Peito

No silêncio do meu peito, queria dizer-te muitas coisas:
Queria dizer-te as vezes que a tua imagem, de primavera
luminosa,  atravessou os espaços sombrios da minha alma.
Que nela vagueias noite após noite, assombrando os meus pensamentos
Queria dizer.te em várias línguas, vários beijos, e acima de tudo
(o que é mais difícil) na nossa própria língua, o quanto te amo.
De como é bom acordar todas as manhãs, e que o dia encerra
sabendo que ele és tu.
Que os teus olhos falam, com o seu preto brilhante e tão expressivo,
erguem-se entre mim e o céu da meia noite.
Invejo até o céu cintilante que te cobre, e as estrelas serenas que podem
ver-te e alegrar-se.
E muitas vezes na minha solidão, adormeço contigo e contigo acordo.
Contudo nunca estás a meu lado;
Encho os meus braços com o que de ti me recordo mas, fico com
o coração despedaçado.
Sinto os teus olhos fitos nos meus, mesmo quando estás longe de mim,
e os meus lábios tocam nos teus, durante horas e horas sem fim.
Eu penso e falo, sobre coisas de ti, para manter meu espírito em paz,
mas a minha memória não se aparta de ti.
Escondo o meu segredo dos olhos do mundo,
penso e digo o contrário do que queria,
suave é o vento que sopra do céu profundo,
que só murmura histórias de Cristina Maria.

Cristina Maria Ivens.



sábado, 24 de setembro de 2016

Um desejo chamado "Palavra"

No silêncio da noite, tenho muitas vezes desejado apenas
algumas palavras de amor .
Palavras essas...que me libertam de todo o peso e a dor da vida,
e me mantêm afastada da escuridão.
Embora o toque das mãos me faça ver estrelas no céu,
as palavras ternas fazem-me crescer asas e voar.
Cada letra da palavra amor, são coágulos de tristeza desfeitos
que me fazem entrar num mundo cheio de cor.
Mesmo a chover, as uso como guarda chuva,
mantendo a minha felicidade húmida e verdejante.
Duas solidões que se encontram durante um aguaceiro
mas que se abraçam e se reconfortam uma na outra.
As palavras de amor afastam todas as preocupações
deste mundo e fazem-me feliz...São-me tão necessárias
como a luz do sol e o ar...são o meu alimento, a minha
respiração, a minha água.
Dêem-me prendas atenciosas, palavras brancas e rosas, cultivadas em casa
para a minha cabeceira, um passeio-surpresa de mãos dadas com elas, pelos bosques
onde florescem as campainhas.

Cristina Ivens Duarte-24/09/2016


terça-feira, 6 de setembro de 2016

Poema doce

Poema doce
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Meus poemas são citrinos
nectares de frutos espremidos
gomos de laranja tão finos
doces, cremosos suspiros.

São suflês de claras em castelo
pudins de laranja lima
cobertos com creme de caramelo
e amêndoa ralada por cima.

São natas batidas com bolacha
uma vagem de baunilha seca
chocolate embutido na racha
uma pitada de pimenta preta.

Pirâmides de frutos cristalizados
amassados com mãos de Cinderela
avelãs e amendoins descascados
polvilhados com açúcar e canela.

Duas colheres de manteiga derretida
uma xícara de farinha de mandioca
um pouco de fermento para dar vida
e enrolas... está feita a torta.

Marmelada, geleia e goiabada
doçura acompanhada com café
por cima de uma tostinha torrada
tão doce que um poema é!!


Cristina Ivens Duarte-6/09/2016