sábado, 30 de julho de 2016

Quando o meu amor partiu

Quando o meu amor partiu
senti as minhas mãos vazias
tão leves...que um imenso frio 
preencheu todos os meus dias.

 Levou com ele o meu chão
cortou ambas as minhas pernas
caminho agora com as suas mãos
e os seus olhos...as minhas lanternas.

A minha face vestida de luto
perdeu o jeito de sorrir...
o meu eu bastante oculto
sente o desejo de partir.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte
30/07/2016

sexta-feira, 29 de julho de 2016

O silêncio

O silêncio que invade e acalma...
as orlas dos nossos pensamentos
apaga o ardor da nossa alma...
e nos enche de deslumbramentos.

Empurra-nos para além fronteiras...
abre caminhos, sem portas nem tectos
sonhos, de mil e uma maneiras...
doces, com vastos sabores predilectos.

A menina dos nossos olhos...
rodopia, rodopia de alegria
com o vestido cheio de folhos
de bailarina fantasia...fantasia.

Em pontas, nos seus formosos pés...
alcança o céu tocando nas estrelas
num silêncio bordado e cheio de godés
torna as manhãs, mais frescas e amenas.

O silêncio preenche a paisagem de encanto
aromatizando o ar com cheiro a  alfazema
escondida está a flor no verde manto...
esperando que o tempo lhe faça um poema.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte













Fermentações...

Embrulhados num cobertor de retalhos
a pele sua como carne num fumeiro...
fermentações dos nossos próprios coalhos
explodem, partindo os nossos corpos ao meio.

São partículas das nossas coalhadas...
que se dividem durante a terna noite quente
no desespero de se tornarem açucaradas
beijamos todo o fermento envolvente.

Cresceu, cresceu, sem parar...
a levedura que envolvia o nossos corpos
esquecendo que o tempo estava a esfriar...
deixando os nossos bacilos quase mortos.


Cristina Maria Afonso Ivens Duarte
20/07/2016





segunda-feira, 25 de julho de 2016

Preciso De Mais...

Preciso de mais na minha vida!
tenho o meu corpo trocado...
nem tudo o que dói é ferida
é passagem de um mau bocado.

Isto não é querer demais...
tem mesmo de acontecer
já nem as minhas cordas vocais...
me suplicam para morrer.

Preciso de um escândalo, de um pecado
que o meu tímpano se rompa de rompante
que se oiça tudo na porta ao lado...
que nunca se tenha ouvido nada semelhante.

Preciso de mais na minha vida...
um gemer que não seja de dor
um grito que não seja ferida...
um ai de prazer de amor.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte
25/07/2016



domingo, 24 de julho de 2016

Esta minha forma...

Esta minha forma de alienado
circunscrita no teu esboço...
é do meu mundo estar parado
de um coração com desgosto.

Eras tu quem eu queria...
mas abraçaste outros braços
o meu coração bem dizia...
apressa mais os teus passos.

Ainda tentei alcançar-te...
pus o meu amor a correr
mas tu já estavas em Marte...
e eu  fiquei em Terra a morrer.

Sofrendo cada vez mais...
abraço todo o teu amor
chorando eu , mais os meus ais
vou acalmando a minha dor.

Peço a Deus a tua vinda...
ainda que a dor vá sumindo
o meu amor mora ainda...
a pouco e pouco vou sorrindo.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte




sexta-feira, 22 de julho de 2016

Desculpem minhas estimadas...Visitas!

Desculpem minhas estimadas visitas!
pela forma como vos recebo...
têm de comer em marmitas
é o meu jeito de aconchego.

Aqui nesta minha casa...
não há vidro nem cristal
é o meu comer que arrasa
não é o prato que fica mal.

Não gosto de modernices...
mas sim de um bom tempero
não estou cá para pieguices
e o galheteiro nem vê-lo...

Sai directo da garrafa...
o azeite da minha oliveira
não tem nome, nem marca
mas dura uma vida inteira...

Guardanapos de pano...já era!
de outros tempos que já lá vão...
podem ficar à minha espera...
ou limpem a boca à vossa mão.

Aqui tudo é reciclado...
até mesmo vocês...
podem ir comer a outro lado
mas não se ponham com os porquês.

Quem se sente bem à nossa beira
não se importa com costumes...
come durante a semana inteira
batatas cozidas com legumes.

Desculpem qualquer coisinha
que eu tenha dito ou feito...
mas aqui na minha cozinha...
nada é roubado ou contrafeito.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte
22/07/2016




quinta-feira, 21 de julho de 2016

Enquanto dormes...

Enquanto dormes a meu lado
com a tua cara de anjo... 
eu permaneço acordado
cheio de lágrimas me esbanjo.

Não me contenho de desgosto
se algum dia não acordares...
sem eu te dizer no rosto
se eu morrer para não chorares.

No entanto sou eu que choro 
de tristeza durante a noite...
atingido por um meteoro
com receio que a morte te açoite.

Quando acordas tudo passa
julgo ser loucura minha...
a tua ternura me abraça
deixando a noite sozinha.

Descem pela linha do pescoço
os teus beijos me desbravam...
os trilhos do meu corpo em alvoroço
arqueiam as minhas pernas e te agarram.

Estancam na tua fina cintura
e traço um esboço imoral...
açoitando o meu amor com bravura
faço de ti imortal.

Cristina Ivens Duarte

21/07/2016


quarta-feira, 20 de julho de 2016

Jamais...

Jamais deixarei que algo te aconteça
neste horizonte que nos circunda...
nem será preciso que o sol nos aqueça
neste amor cego que nos inunda.

Acaricio o céu que te cobre...
com as mesmas mãos que te tocam
com a intensidade de um sentimento nobre
que os nossos corpos tremendamente chocam..

Não te perco de vista nem por um segundo
assegurando que serás sempre minha...
vieste para ficar neste meu mundo...
e nele serás a minha doce rainha.

Vieste para ficar no meu solo maltratado
e curaste as minhas fendas dolorosas...
perfumaste e o deixaste hidratado...
com o teu perfume cheirando a rosas.

Não cabes neste meu peito mirrado
pois esbanjas doçura e beleza...
deixas-me totalmente apertado
que eu já confundo amor com tristeza.

Entraste na minha vida sem pedir
tatuaste-me com um ferro quente
sem medir a dor que eu ia sentir
tornaste-me numa criatura doente.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte






sábado, 16 de julho de 2016

Coração Sem Comando...

Foi por vontade de Deus
esta minha infelicidade
de todos os ais serem meus
e os lamentos... raridades.

Que estranha forma de vida
leva este meu coração
vive uma vida perdida
com os pés acima do chão...

O meu coração infelizmente
é coração que não comando
vive escondido da gente
constantemente sangrando.

Eu não te quero mais
pára e deixa-me morrer
se não ouves os meus ais
porque insistes em bater.

Cristina Ivens Duarte



sexta-feira, 8 de julho de 2016

Vocábulos extravagantes( Um Amor Mecânico)

Na conjuntura do meu dialéto analítico
tenho sentido uma folga nas transmissões
em que o êmbolo corta a libido à minha biela.
O balanceiro,diréciona os meus sentimentos
à cambota e os cardans, quando são desprezados,
queimam o meu díinamo...
Fico com o meu semieixo sem nenhuma tração
e a brecagem do meu infortunado desejo, reduzida..
A minha sensível estrutura, cheia de kilometros...
procura um chassis novo, para por os meus
homocinéticos devaneios e suprimir
os meus rodízios para poder amar ao ralenti..
Na paisagem, a ternura dos campos, mostram-me
um ângulo de convergência, que anula todo o meu
acoplamento, diante de toda a geometria transversal.
O caster, tem uma inclinação do covilhão da manga
que me deixa tetraplégica.
A noite se aproxima e o meu borne de excitação
queima a polie, levando a cordilheira de fluídos
que alimentavam e lubrificavam os meus segmentos.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

sexta-feira, 1 de julho de 2016

A Rosinha Dos Limões

Oh! tempo... volta para trás
dá-me um pouco de emoções
de lembranças tão vãs
da Rosinha dos limões.

Bem cedo ao raiar do dia
com a minha saia rodada
apanhava os limões que via
vendia-os de madrugada.

Era tão bela e formosa
cheia de vida e exaltações
espalhava o meu perfume a rosa
no meio de tantos limões.

Quando o vento estava de leste
esperavam por mim na esquina
Oh! Rosinha...que cheirinho silvestre!
casa comigo...minha menina!

Mas o meu coração já tinha dono
era um jardineiro que por ali passava
quando eu andava aos limoeiros
com a sua enxada me enamorava.

E foi com ele...com quem me casei
alguém que amava muito as flores
pelos meus limões... muito chorei
eles eram os meus... grandes amores.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte