domingo, 29 de maio de 2016

O palhaço e a rosa

Certo dia desabafei
com uma rosa do meu regaço
sobre as pétalas me debrucei
estando farto de ser palhaço.
                                                       
Oh rosa! o que é que eu faço?
Sorrio para fora, choro por dentro
sou um palhaço em sofrimento.

Visto-me do avesso, como pétalas afiadas
 de aplausos me aqueço, são longas facadas.
Não tenho o meu espaço, apenas sou estrela
no circo esvoaço, sem peso, com pena.

Oh! a minha vida é um compasso
cheio de trapos.
De mala aviada, sem destino marcado
eu preciso de mais, preciso de mais
tenho o corpo trocado. 

Holofotes apontados, são luzes da ribalta
brinquedo inanimado, são brilhos que matam.
Triste vida a minha, a fazer palhaçadas
cansado do meu cansaço, cansado das fantochadas.
Oh rosa! o que é que eu faço?

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

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