terça-feira, 31 de maio de 2016

Silêncios que choram

O meu silêncio chora por dentro,
infiltrando-se nas frestas da minha fonte,
provocando tontura e alucinação.
Silêncios que fazem de mim um pássaro ferido,
impedindo-me de acariciar os céus com as mãos.
Na tentativa de suavizar a minha áurea,
dispo as minhas penas e tento voar.
O voo mudo banha-me por dentro e leva-me com as marés,
acenando as asas aos oceanos.
Esvazio o meu ventre dorido,
espumando pela boca, a minha tristeza inflamada,
desvanecendo o mau hálito do meu silêncio.
A Mãe natureza aparece e inclina o sol na minha direcção,
tornando-me um forno cheio de paixão e fagulhas de alegria.
Senti o meu corpo gritar por dentro, deixando de o ouvir chorar.
Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Sentimentos

Oh! meu amor,
és a brisa do meu pensamento,
teu perfume de flor,
segredo do meu sentimento,
alivio da minha dor.
¨¨¨¨
És mézinha do meu tormento,
cada vez te sinto mais,
como é duro o meu penar,
de consequências tão fatais.
¨¨¨¨
Os destroços que existem em mim,
esta brisa de pensamentos,
este ardor que não tem fim,
queimou os nossos sentimentos.
¨¨¨¨
Deixou escrito no tempo,
quando éramos amantes,
tal não é o meu tormento,
que nada é como dantes.
¨¨¨¨
Percorri o universo,
com o peso dos meus sofrimentos,
este sentir tão diverso,
és a minha rosa dos ventos.
¨¨¨¨
Longa foi a caminhada,
só de te querer ver,
uma gigante cavalgada,
antes de o meu amor morrer.
¨¨¨¨
Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

segunda-feira, 30 de maio de 2016

De tanto te amar


De tanto, tanto te amar
um amor que nunca finda
sinto o meu sangue a pulsar
por ti!...minha coisa mais linda.
Meu coração corre velozmente
sempre com o intuito de te ver
sinto que ele está doente
não pára sequer para beber.
Em sonhos te conheci
e julguei um dia te ver
não sei como não enlouqueci
com a ideia de te perder.
Os sonhos são fantasia
que albergam tamanha saudade
sinto a minha carne fria
por estes não serem de verdade.
Em vida anseio sonhar
só para te ver minha amada!
e que nada me faça acordar
desse sonho, nem nada.
Se acordo e não te miro
minhas ideias são medonhas
os beijos viram suspiros
tão longos que nem sonhas.
Se um dia por coincidência
me vires no teu sonhar
acorda-me sem clemência
para eu te poder amar.
Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

domingo, 29 de maio de 2016

O palhaço e a rosa

Certo dia desabafei
com uma rosa do meu regaço
sobre as pétalas me debrucei
estando farto de ser palhaço.
                                                       
Oh rosa! o que é que eu faço?
Sorrio para fora, choro por dentro
sou um palhaço em sofrimento.

Visto-me do avesso, como pétalas afiadas
 de aplausos me aqueço, são longas facadas.
Não tenho o meu espaço, apenas sou estrela
no circo esvoaço, sem peso, com pena.

Oh! a minha vida é um compasso
cheio de trapos.
De mala aviada, sem destino marcado
eu preciso de mais, preciso de mais
tenho o corpo trocado. 

Holofotes apontados, são luzes da ribalta
brinquedo inanimado, são brilhos que matam.
Triste vida a minha, a fazer palhaçadas
cansado do meu cansaço, cansado das fantochadas.
Oh rosa! o que é que eu faço?

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Se estivesses aqui

Quem me dera que estivesses aqui
para me abraçares com o teu jeito
sem ti não sei como sobrevivi
deixaste o meu coração desfeito.

Neste tempo todo nunca perdi a esperança
de um dia voltares para mim para sempre
no meu corpo mantive a tua fragrância
e os beijos que demos de antigamente.

Ainda que nada seja como dantes
começaremos tudo do inicio
só quero que sejamos amantes
nada de irreal ou fictício.

Oh! deixas-me insano de saudade
vem e atira-te para os meus braços
comigo conhecerás a felicidade
 os nossos corpos viajarão até ao espaço.

Eu e tu acreditaremos no impossível
de um amor que sobrevive à distancia
não te quero rotular de insensível
mas eu choro por ti como uma criança.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Amor e luxuria

Sentimento sem peso
sem cor, nem espaço
com movimentos frenéticos
que desperta a libido
com choques eléctricos.
Descargas emocionais
que vazam do corpo
sem espaço, nem cor
é falar um com o outro
a linguagem do amor.
Tem cheiro a hormona
de ambos os sexos
é uma viagem a Roma
sem destino, sem nexo.
Barragem que alimenta
os nossos desejos, os abraços
os toques, o sexo e os beijos.
Amor fugaz, que cega, que torna
incapaz, de ver, ouvir ou saber.
É fome, é frio, é sede de um corpo
é prazer que acorda um morto.
Mergulhado em champanhe
é mar gasoso, com uva e morango
é triângulo amoroso.
Luxuria sem jóia, nem colar de pérola
´´é cobra, é jibóia, é veneno que rola".

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte



Noite sentida


quarta-feira, 25 de maio de 2016

No coração de alguém

Estás longe no coração de alguém
tão distante como os oceanos
não és minha, não és de ninguém
já se passaram muitos e muitos anos.
Anseio a tua presença
como o céu de uma única lua
a solidão é a minha sentença
de nunca mais te poder ver nua.
És a causa do meu desaire
o soluço de um choro convulsivo
suplico que a insónia paire
e deixe de sonhar contigo.
Uma vaga de saudade me atingiu
e partiu o meu coração ao meio
numa onda o meu cérebro te viu
foi o teu reflexo que partiu e não veio.
Estás distante no coração de alguém
num peito que não é o meu
não tenho dono, nem sou de ninguém
jurei que seria só teu.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

´Pétalas


Pétalas
Quando o teu rosto se sobruçou
sobre a minha vida sem viço
compreendi que a minha pele falava
num tom de feitiço.
Despi-te, deixando cair cada pétala
envolvendo-te na quentura da noite.
Esses pequenos minutos, iluminaram
os meus olhos, tornamdo-se
numa cor azul.
Amei-te com todo o fôlego e
sorrisos de toda a minha vida!
A minha alma conseguiu atingir
a luz do sol, num raio de luz e de paz.
A tua forma luminosa, atravessou os espaços sombrios
e vazios do meu corpo, como uma nuvem.
Queria dizer que te amo em várias linguas
mas acima de tudo, da cor do teu sorriso,
de uma rosa nua, pedindo um abraço de orvalho.
És a mais linda das estrelas, tens os olhos de Deus
que me tocam por dentro..

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte
 

Momentos

Momentos que deixam a alma apaixonada
tornando o sentimento um remoinho
um saxofone me deixou encantada
lembrando um choro de um passarinho.
Um eco vindo das montanhas
canta em coro comigo
aninha-se nas minhas entranhas
e pede-me para ser seu amigo.
Dilui a cera do meu timpano
hamonizando a minha audição
abastece com amor o meu intimo
sinto por ele uma grande paixão.
O som cai em poços e silvados
vai correndo pelo mato
sobre os ombros carregados
descalço-me e tiro os sapatos.
Corro no escuro, na noite cerrada
ficando o meu sangue a verter
caindo a cada passada
sinto o meu corpo a gemer.
Visitou-me o sofrimento
de um saxofone em melancolia
e no decorrer do tempo
eu pressenti para onde ia.
Ía para lá e para cá
a confundir o meu rumo,
o meu pensamento estava lá
naqueles momentos em que há fumo.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte




terça-feira, 24 de maio de 2016

Palavras soltas

Tanta coisa ficou por dizer, por fazer
a lareira que deixamos queimar
as velas que arderam até ao fim
as janelas abertas, as cascas de amendoim,
espalhadas pela furia do desejo incontrolavel.
Toda a cumplicidade, as impressoões digitais,
a nossa humidade.
Os fluidos corporais, a nossa cama de rede,
baloiçando , nunca visto, jamais.
O sol queima a epiderme e a noite tornou-se
impermeável, eramos dois em um.
Um olfacto, uma boca, um louco, uma louca
á mercê da maré, sem vestigio algum,
sem toalha, sem pé.
Tanta palavra solta.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

domingo, 22 de maio de 2016

Noite sentida

A noite se dissipa com glamour
e o plâncton emerge, banhando-se
num vasto manto de águas cristalinas
levando consigo a dor da partida.
Engole as tristezas e vomita as nevralgias
outrora cravadas em seus ligamentos.
Sons de piano exaltam o seu coração
e o mar estagna de emoção.
O sol, de mansinho, esconde-se da tristeza
e perde pelo caminho fios de cabelos
da sua querida amada lua.
Esvoaçam como canduras
deixando para trás toda a inocência de uma noite.
Mas o mistério não ousa desaparecer
e a ternura das ondas permanece
sóbria, cheia de contemplação.
Sem desvanecer a linha do horizonte
a captação da luz é exuberante
e contagiante.
Se há coisas lindas de contemplar
são os raios de sol a nadar.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte


Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

sábado, 21 de maio de 2016

Completamente nua

Completamente nua
Nem uma gota de esperança
ficou da colheita de Maio
apenas lágrimas de orvalho
e um caule pertencente ao passado.
A luz incentiva a fotossíntese
e a metamorfose esconde-se
sob o olhar da planície que
envergonhada borbulha olhares
cheios de mistério e vazio.
Desmistifico todo o sentimento
de solidão, e abraço o gosto
de se estar só, por alguns momentos
apenas com as nossas memórias.
Dar a mão ao vento e acenar
ao tempo, para que pare e escute
o som do silencio.
Aqui até a calmaria tem voz
que grita com gestos mudos
em direcção a nós.
Voam sombras e olhares
ciscos que interrompem o pestanejar
da admiração do infinito.
Cristina Maria afonso Ivens Duarte

Quem me dera

Quem me dera que os teus olhos fossem
duas janelas abertas, viradas para o por do sol
e fizessem explodir em mim, um tribulhão de sentimentos
todos diferentes da saudade.
A tua ausência limita-me, torna-me paraplégico
os movimentos estagnaram-se e um pântano surgiu
no meu corpo enfermo. Ruínas e muros deitados abaixo
se assemelham à minha melancolia.
À tona anda o meu pensamento
com o desejo quase de me drogar com a tua presença.
Compensa-me snifar o teu perfume e matar a ressaca
de um toxicodependente a tremer de amor.
Quem me dera que os teus olhos fossem meus
os meus sonhos iguais aos teus.
Oh! meu amor, vem depressa, injecta-me
e dilui no meu sangue a tua heroína
inconfundivelmente pura.
Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Maldição

Martírio este, que sarna,
oh! sangue pegajoso,
dor que me descarna,
Deus misericordioso.
Some daqui seu agoiro,
raios te partam ao meio,
trovões, bombas, estoiro,
câncer que come o meu seio.
Vai para o diabo que te carregue,
não definhes o meu esqueleto
qual perdão qual carapuça,
dás cabo do intelecto.
És enguiço, bruxaria e quebranto,
necógrafo de carnes podres,
rasgas o meu espírito santo,
retens liquido, és um odre.
Abantesma, estrupício, avejão
insecto que defecas na minha boca
salivas larvas, possuis ferrão
és baba que cola na roupa.
Quinino que amarga, dengue
xô, xô, vai-te embora oh! melga
chispa daqui, abrenuncio.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte




quinta-feira, 19 de maio de 2016

Boa Noite

Boa noite, chegou o fim do dia
restam marcas de pincel
ao som de uma linda poesia
com letras feitas de cordel.
Bons sonhos vos desejo
diante deste lindo estrelar
viagem sobre um beijo
com um poeta a navegar.
Que a noite não se sinta
e passe sem sobressalto
com o céu cheio de pintas
com cheiro a pó de talco.
Num piano à beira mar
oiço o som do teclado
é a noite a chegar
é o dia cansado.
Boceja sem parar
sobre a lua espantado
foi dormir sem hesitar
com o piano acordado.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte










quarta-feira, 18 de maio de 2016

A queda para a serenidade

Os meus pés sentem uma forte atracção
pela queda livre e em milésimos de segundos
atiram-me para a frente como se dissessem:
Vai, ali serás eterna, orienta o voo com as pálpebras
e suaviza o impacto chorando um pouco, até formares
um pequeno lago.
Lá, encontrarás o dicionário da vida, filtra o conhecimento
com as pontas dos dedos e pede ajuda aos girassóis
se não achares a serenidade.
Vais encontrar pelo caminho várias vagens de baunilha
para purificar o teu intimo e marcar o teu território.
Tem cuidado com o açafrão, não confundas as cores,
as liláses provocam confusão e as brancas dissabores.
Canta durante o voo, os rouxinóis esperam-te com
migalhas de amor para celebrar a tua chegada.
Sentirás um nó na garganta quando eu te empurrar
mas, é um pequeno ataque de ansiedade provocado
pela alegria, de compartilhares com o vento a sensação de voar.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

O amor é lindo

O amor é lindo de olhos verdes
cabelos de anjo e pele macia
voando num campo de trevos
é sentimento, não é utopia.
Nas veias correm água de rosas
que humedecem o nosso olhar
criando desilusões amorosas
que nos fazem simplesmente chorar.
O amor é lindo, é nuvem passageira
que passa e deixa um perfume no ar
não sai, lavando de qualquer maneira
só beijando é que deixamos de respirar.
Muito suavemente, ele entra de mansinho
entra pelo corpo a dentro e pede alma
um pouco de carinho.
Entra sem pedir permissão
nem limpa os pés no tapete
com pezinhos de algodão
deixa recados de amor num bilhete.
Gosta de ser como antigamente
afasta-se das modernices
oferece flores habitualmente
adora as pieguices.
Veste a sua melhor fatiota
para passear com a sua dama
não se comporta como um idiota
a toda a hora diz-lhe que a ama.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte




terça-feira, 17 de maio de 2016

Jejum premeditado

Jejuei durante meses para te degustar
cada partícula do teu lindo corpo
com a felicidade de te poder tocar
numa labareda me senti envolto.

Às tantas arderei no nosso leito
com o calor que o teu corpo emana
morrerei encostado ao teu peito
consumido e embebido na tua chama.

Gritarei de prazer e não de dor
as cinzas marcarão o nosso beijo
que o fogo consumiu de tanto amor
extinguindo-se com o fervor do desejo.

Ficaremos em câmara ardente
os mesmos meses de jejum
o nosso amor ficará ciente
de que nós dois seremos um.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte


As minhas ruas

As gotas vão caindo uma a uma
recordando o que eu era outrora
uma luz pura e linda como a lua
ansiando um amor sem demora.

Mas um albatroz poisou e me levou
deixando para trás todo o meu anseio
pendurado nas asas do menino Jesus
iluminei o caminho com mil candieiros.

E num triste cenário ficou o meu paraíso
ficando a calçada em profunda depressão
jamais minha face brilhou com um sorriso
e jurei nunca doar o meu lindo coração.

Acesas ficaram as jornadas da minha vida
temendo um terrível choque do interruptor
esqueci a potencia da palavra amiga
em busca de um temível grande amor.

Ficarei com a frescura da minha inocência
reservadas nas dobras da minha pele
temendo a curvatura da dura demência
vou abraçando a doçura de um pote de mel.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte















segunda-feira, 16 de maio de 2016

A preto e branco

Infeliz com a minha enfermidade
prestei uma ultima homenagem à vida
uma maestrina de tenra idade
surgiu com uma dor igual à minha.

Ambas carecas de saber
que a morte já estava por perto
eu de branco, linda de morrer
ela de preto, como o céu encoberto.

A doença acompanhou-nos
num concerto à beira mar
a harpa enfeitiçou-nos
a maestrina pôs as mãos no ar.

Com movimentos graciosos
as batutas fizeram magia
esquecendo-me dos dias chorosos
apaziguei toda a minha agonia.

O céu ameaçava temporal
e o cântico teimava em não parar
não havendo cura para o meu mal.
prometi a mim mesma não chorar..

Contive-me com toda a firmeza
para não fazer um pranto
naquela hora tive toda a certeza
que a morte era a preto e branco.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte







sábado, 14 de maio de 2016

Roubei-te um beijo

Roubei-te um beijo na diversão
alinhavei-o na minha roupa
com uma linha de algodão
cosi-o na minha boca.

Nasceu um amor bordado
com um ponto de ziguezague
de um beijo que fora roubado
com ternura e suavidade.

Cerzido e feito à mão
com um remate chuleado
alinhavado na perfeição
cosi o beijo com um ponto apertado.

Sobrepus o meu amor ao teu
cosido com duas linhas
lembrando o beijo que a gente deu
pespontei-o com duas bainhas.


Cristina Maria Afonso Ivens Duarte




quinta-feira, 12 de maio de 2016

Rascunhos

Interpreto os meus sonhos
como sendo rascunhos
dos dias temperados
e outros, sem um olhar..
Além ficam os soluços,
como meus testemunhos,
envergando uma lágrima,
adivinhando temporal.
Na duvida, escolho a lágrima,
como sendo verdadeira,
o olhar, um viajante traiçoeiro.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte




quarta-feira, 11 de maio de 2016

Uma pinta no céu

Uma pinta no céu
Há um pontinho brilhante no céu,
que dá para tocar sem subir,
coberto com um lindo véu,
sou eu disfarçada a sorrir.
Enviem-me um adeus com um olhar,
que o pontinho aumentará de tamanho,
sou eu no céu a disparar,
beijinhos com sais de banho.
Apareço às terças, quartas e quintas,
nos outros dias sou outra estrela,
estou noutro céu com outras pintas,
mas só sonhando é que conseguem vê-la.
Há sonhos que não conseguimos lembrar,
há momentos que não conseguimos esquecer ,
há pintas no céu que se podem tocar,
há estrelas mesmo estando a chover.
Cristina Maria Afonso Ivens Duarte

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Fogo Ardente

Pensando estar num inferno
a labareda queimava mas não ardia
era o teu corpo encostado ao meu
era o cheiro da tua ousadia.
Consumia-me lentamente
até entrar em devaneio
eram pingos de suor quente
provocado pelos teus seios.
Já meio cego pelo fumo
molhei os meus olhos na tua boca
com um forte sabor a abrunho
gemias que nem uma louca.
Embora parecendo extinto
ainda pairavam cinzas escaldantes
que devorei como um faminto
as tuas ancas estonteantes.
Vorazmente te possui
deixando o incêndio apagado
só mais tarde é que me apercebi
a tua pele com um aspecto empolado.
Queimei-te com o meu amor
fiquei cego de desejo
não dei conta do calor
que pode provocar um beijo.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte










Em Mil pedaços

Na medida do possivel,
Consoante a força dos meus braços,
Mesmo que sejam invisíveis,
Quebrar-te-ia em mil pedaços.

Espalhados pela ternura,
Que o teu corpo evidência,
São cacos da minha loucura,
Que minha boca por ora lambia.

Envoltos pela tua cintura,
Sentirás o toque da minha mão,
Com mil metros de altura,
Voarás como um pavão.

E os céus com seus cristais,
Farão de ti um belo astro,
Nos teus olhos serão sinais,
De amor puro e casto.

Na ausência do teu amor,
Sentirei ardor nas veias,
Com o tempo ficará incolor,
Como as lágrimas de uma sereia.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte





quinta-feira, 5 de maio de 2016

O que vale a pena

O que vale pena meu amor, é o cheiro a capim,
o odor do campo, as flores
com o seu aroma a jasmim e elas
a olharem para a nossa cumplicidade.
Aqui apaixonei-me facilmente por ti, o ar contagiou-me,
os sentidos exaltaram-se, a natureza murmurou-me,
"ele vai ser teu.."
A cor não desvanece, a monotonia é oculta,
o amarelo aquece, o vermelho encandeia,
não há sentimento de culpa, o azul é lua cheia.
O verde constante lima as arestas de qualquer
limalha que possa haver nos nossos sonhos.
Foi o ar do campo que nos uniu,
duas mãos dadas de forte aperto, que até hoje
as árvores baloiçam com o nosso passear.
Não se instala o cansaço do nosso apego,
é esta a nossa forma de amar,
cultivando a natureza, abrindo rego a rego,
até hoje nunca sentimos, a necessidade de gritar.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte