sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Entre Um E Outro Pensamento

Vagando entre um e outro pensamento,
Olhando o mar que se expandia...
Juntámos nossas células sem discernimento,
E num bailado prateado, fizemos a travessia.
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Então, todo universo passou uma tangente,
Ao meu corpo, em descontrolada emoção,
Para reflectir a eternidade, frente a frente,
E ser julgada nas águas frias do perdão.
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Minha alma deu um soluçado e profundo grito,
Abafando o som das ondas implacáveis,
Cavando abismos, levando-me ao infinito,
Por covas fundas, eras insondáveis.
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De transparente túnica, opulente e bela,
Livre, em pleno esplendor e frescura,
No fundo estava a Vénus tão singela,
De luxuriantes formas e tão pura.
**.
Mas eu confusa com tais perplexidades,
Queria salvar-me ou talvez prender-me,
Rasgar-me em bocados, voar como as aves,
Veio uma musa, quis absolver-me.
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Tirou-me os nós que eu tinha no peito,
Com a graça de uma pomba branca,
Despiu-me como ninguém tinha feito,
Cobriu-me toda com uma manta.
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E assim como vim ao mundo,
Levou-me para terra toda liberta,
Doei minhas confissões, ao mar tão fundo,
Que as gaivotas ficaram de boca aberta.
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Cristina Ivens Duarte-08/12/2017







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