domingo, 29 de outubro de 2017

Querida Esperança

Faz tanto tempo, amada Esperança, 
Que minha alma a procura também,
 Tamanha é a nossa semelhança,
Que com perseverança se obtém.
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Ainda agora, veja o exemplo,
Eu que gosto de coisas simples e singelas,
Entrou-me a Esperança pelo quarto a dentro,
Jorrou-me flores pelas janelas.

Tenho como certo que o nosso destino,
É bordado com as nossas mãos,
Em algodão fino de linho.
*
Mas o tempo torna os planos em trapos,
A Esperança fica em farrapos,
E a vida em desalinho.
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Cristina Ivens Duarte-29/10/2017






terça-feira, 24 de outubro de 2017

E o sono que não chega

O sono teima em não chegar,
A noite está prestes a partir,
As costas doem de tanto lutar,
Na cama tentando dormir.
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Fez-me levantar para falar dele,
Do poeta sono que me endoidece,
E eu venho aqui ter com ele,
Tentando ver se ele me adormece.
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O cansaço é extremo, a inspiração já dorme,
Não sei o que digo, nem penso, 
Mas vejo o poeta com fome,
Comendo o meu sono sem senso.
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Ralhei com ele, pela sua ousadia,
Ao dizer que me ia ajudar,
Afinal quando já era dia,
 Ele ainda estava a manjar.
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Ele tinha a sua fisgada,
O seu mal era mesmo fome,
Tinha a boca do estômago dilatada,
 E o poeta do sono já dorme.
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Depois da pança cheia,
Fiquei eu ao Deus dará,
A manhã acordou soalheira,
Corri com o poeta de lá.
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Cristina Ivens Duarte-24/10/2017

terça-feira, 17 de outubro de 2017

As Nuvens

Às vezes vejo nas nuvens desenhos,
Deixando-me ir na correnteza,
O som dos guizos levam-me aos rebanhos,
Que eu vejo no céu com clareza.
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São cordeirinhos brancos, macios,
Parecem algodão branco, marfim,
Mas elas não reconhecem meus cílios,
E ficam abismadas olhando para mim.
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Não faço parte do rebanho, pensam elas;
Porque tenho o poder de ter estas visões...
De achar nas nuvens coisas tão singelas?
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Então viram que eu sofrera de desilusões,
Minhas intenções são puras e belas,
Vê-las voar no céu como os balões. 
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Cristina Ivens Duarte-17/10/2017