quinta-feira, 13 de julho de 2017

A Minha Rima

A minha rima aparece do nada,
Espontânea tal como a fome,
 Comendo palavras fumadas,
Num poema de um pão enorme.
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É uma trinca atrás da outra,
Deglutindo sem mastigar,
Com versos nos cantos da boca,
Ficando até secar.
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Uma baba espessa de letras,
Que escorre lentamente,
Como doce de amoras pretas
Num pote de um dia quente.
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Escrever é sentir fome,
No estômago um ronco voraz,
Comer com uma vontade enorme,
Poemas de frente para trás.
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Cristina Ivens Duarte-13/07/2017

terça-feira, 11 de julho de 2017

Eterno Sonho

Voava como um avião de papel,
Tão leve como um pedaço de napa,
Que eu guardara desde longa data,
Enrolado a um fio de cordel.
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Achei-o num dia tristonho,
Amassado parecendo chapa,
Uma noite apareceu no meu sonho,
Caído num bairrinho de lata. 
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Ele voara tanto com o passar dos anos,
Como um tufão que provoca danos,
No peito um cordel apertado.
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Ao dormir, por vezes está ao meu lado,
Destemido...ainda me pergunta,
Porque sonho eu acordado?
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Cristina Ivens Duarte-11/07/2017