terça-feira, 31 de janeiro de 2017

As Partidas Da Vida

A vida por vezes prega partidas,
Tem atitudes de muito mau gosto,
Bate à porta de forma repetida,
Deixando-nos cair em desgostos.
*
Acredito que o faça sem pensar, 
Afinal a vida é uma criança,
Gosta muito de brincar,
De nos tirar a esperança.
*
Também gosta de dar rasteiras,
Rir-se dos nossos trambolhões,
Diz que é a única maneira,
De aprendermos as lições.
*
Embora as suas atitudes,
Nos façam sofrer bastante,
Vê-mo-la com outra magnitude,
Sem ser de uma forma ignorante.
*
Faz de nós seres mais cautelosos,
Pensando muito antes de agir,
E os nossos corações desgostosos,
Durante a noite conseguem dormir.
*
Depois de a face cheia de estalos,
Que vida nos dá, para nos acordar,
Ficamos com alma com tantos calos,
Que os nossos sonhos, têm aonde se deitar. 
*
Cristina Maria Ivens Duarte-1/02/2017



sábado, 28 de janeiro de 2017

Quando a noite cai e se fecham as cortinas.

A noite cai e fechámos as cortinas,
Os meus olhos o viram, e logo amaram,
Oh! que brilhantes ficaram as meninas,
Os nossos desejos, ambos concordaram.

As nossas almas queriam, ainda que em tortura,
Que estranha, esta nossa ligação,
Entregá-mo-nos na ânsia da procura,
Quando amargurados, tudo acabou em vão.

A chuva parou, para grande desgosto meu,
E a cortina, que antes nos abrigara, voou,
Ele saltou da cama e para a porta correu,
Eu tê-lo-ia beijado ainda mas, ele nunca mais voltou.

Deixei-me ficar, a cabecear junto à lareira,
Muito sofrida, porque o meu amor fugiu,
Se ao menos a chuva, tivesse durado a noite inteira,
Eu diria que, por uma noite ele comigo dormiu.

Cristina Maria-24-10-2016



O que o amor faz!

Quando o verdadeiro amor me chamou, eu segui-o, 
embora os seus caminhos fossem duros e escarpados,
nas suas asas me envolvi e entreguei, ainda que 
a sua espada escondida entre as penas, me pudessem ferir.
......
Acreditei sempre nele, embora a sua voz tivesse desmantelado 
por vezes os meus sonhos, tal como um vento norte, devasta um jardim.
Da mesma maneira que me coroou, ele crucificou-me e fez-me crescer,
estando sempre presente para me podar.
.....
Ele se elevou à minha altura, e acariciou os meus tenros ramos, que
estremeceram ao sol.
Também desceu às minhas raízes para sacudi-las, e prende-las à terra.
Como feixes de trigo, ele apertou-me, e malhou-me até ficar despida.
.....
Passou-me pela joeira, para me libertar das cascas, moeu-me até eu ficar branca,
e amassou-me até me conseguir dobrar. Depois, partilhou comigo o seu fogo, 
e tornou-me no tão sagrado pão, banquete de Deus. 

Cristina Maria Ivens.-10/11/2016

Aquela menina

Encontrei uma menina,
Que caminhava sozinha,
Com os pezinhos a arrastar...
Mas um buraco no chão,
Fez-lhe dar um trambulhão,
E não se podia levantar.

Corri para a ajudar,
E vi que estava a chorar,
Com o rosto molhado...
Doeu-me tanto o coração,
Que ao dar-lhe a minha mão,
Meu corpo ficou gelado.

De lencinho à cabeça,
Marcada pelo sofrimento,
Disse para mim a sorrir,...
Deixe-me ao seu braço apoiar,
Porque me custa a andar,
E posso voltar a cair.

Ao reconhecer aquela voz,
Senti uma dor atroz,
Que me fez soluçar;
Pois quando eu era criancinha,
Tinha o rosto desta menina,
Que eu ajudei a levantar.

E no fim da caminhada,
Por não conseguir dizer nada,
Despedi-me a acenar;
Ela a sorrir com muita mágoa,
E com os olhos razos de água,
Também não conseguiu falar.

Cristina Maria Ivens-3-11-2016


sábado, 21 de janeiro de 2017

Quando O Dia Finda

Quando o dia finda, o infinito se levanta,
A luz do sol descai sobre as searas,
Tricotando nelas uma graciosa manta,
Com o joio do dia, da tarde, e das aparas.
*
Com as mãos, afasto, invado os meus credos,
Auscultando o universo com toda a plenitude,
Laminando as searas pelos meus dedos,
Recordando a vida que me fora tão rude.
*
O meu corpo que era tão lindo, tão majestoso,
Se encosta ao sol também todo choroso,
Submerso agora na infinita solidão,
*
E o céu que ainda nem sequer mostra a lua,
Faz parecer que a minha alma está crua,
Me transportando para outra dimensão.
*
Cristina Ivens Duarte-13-01-2017




terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Amor ardente


Caía uma chuva leve e miudinha,
Ocultando nós os dois, o sol e a lua,
Eram gotículas de uma cor purpurina,
Despindo o nosso amor,..ali na rua.
*
Ninguém viu, nem soube o que aconteceu,
Quando tuas mãos no meu corpo deslizaram,
Vi milhões de bolinhas coloridas no céu,
Que no êxtase descontrolado arrebentaram.
*
Eram explosões de choques dentro do meu ser,
Abriu-se no meu corpo um leque de prazer,
Nada igual na libido sentida.
*
Meu coração pulou ouvindo o teu chamado,
Declamando versos ao teu corpo adorado,
Eternizando uma magia única na vida.
*
Cristina Ivens Duarte-17/01/2017

sábado, 7 de janeiro de 2017

Na Densa Neblina

Nos seus passos, ela mostra fragilidade,
Seu chão parece ser de textura fina,
Com leveza, e uma grande suavidade,
Ela caminha sobre a densa neblina.


*
Tudo é vazio, insípido, e incolor, 
Seu coração está desgastado de saudade,
Ela penetra, ausculta, agarra, invade,
O espaço com o átomo do amor.
*
A dor que a contorce é tanta, tanta,
Parece a noite quando se levanta,
Deixando os olhos a estagnar.
*
E o cosmos sentindo compaixão,
Presenteia-a com uma linda visão, 
Da sua imagem no chão a brilhar.
*
Cristina Ivens Duarte-5/01/2017
























quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Assim choveu poesia

Cansada de estar só com um nó no peito,
Um sussurro veio da minha alma vazia,
Escuta! está nascendo poesia...
Deixando o meu coração liquefeito.
*
Um silêncio repentino aconteceu,
Choveram poemas torrencialmente,
Todos cobertos de amor literalmente,
Naquele dia, aonde eu só via breu.
*
Não queria estar mais assim perdida,
Para clarear as estradas da minha vida,
Só pedia que a tempestade não parasse,
*
Entoei poemas cheios de emoção,
Fiz trepidar o meu coração
Para que sua luz, me iluminasse.
*
Cristina Maria Ivens-16/12/2016