terça-feira, 14 de março de 2017

Um Milagre Na Praia

No horizonte, um cacho de carinho,
Que linda a tarde sobre o mar,
Lá vai o sol seguindo como um raminho,
Sobre as vagas, seus raios a derramar.
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Diante delas, desenha asas que incendeiam,
As maçãs do rosto, da areia molhada, 
E, sobre mim, o oiro se esbraseia,
Deixando a minha visão encandeada. 
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E eu, como uma frágil garça voando,
Vou dormitando sobre os céus abençoados,
Por ora, meus olhos vão lacrimejando,
Nascendo lagos nos meus lábios gretados.
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As suas mãos, delicadas, milagrosas,
Humedeceram minha boca ...pela metade,
E ali, nasceram cravos, nasceram rosas,
Ao fim da tarde, naquela praia, deu-se um milagre .

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Cristina Ivens Duarte-14/03/2017





domingo, 12 de março de 2017

Versos Ao Vento

De vez quando vem-me um verso ao pensamento,
Como uma brisa que sopra, leve, refrescante,
Mas, quando eu vou escrever, ele voa como o vento,
E em meu corpo, minhas mãos, uma dor penetrante.
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Quanto mais penso, não sei o que dizer,
E então, penso na dor que guardo no coração,
Num relance, sinto a morte a querer descer,
Escoando palavras, de luto, e de emoção.
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Um cheiro adocicado, imutável, a sangue,
Que enlouquece de prazer, o meu coração aberto,
Contraindo-me, pedindo que nunca estanque,
Uma hemorragia mágica, talvez, não sei ao certo.
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E o véu dos meus sentimentos será preto,
Desvendando os meus tempos de solidão,
Escrever será sempre com tormento,
Esvaindo-me em versos pelo chão.
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Cristina Ivens Duarte-12/03/2017

terça-feira, 7 de março de 2017

Choro De Felicidade

Nos seus olhos vi duas lágrimas a rolar,
Como um extenso mar, calmo, sem fim,
E nas ondas havia algo a flutuar,
Tão valioso, tão branco, como o marfim.
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Era choro de felicidade de tanto amar,
Escorrendo cada uma, como pérolas lustrosas,
Descobrira um tesouro no fundo do mar,
Que brilhava, como finas pétalas de rosas.
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Encontrara seu amor que estava perdido,
Aquele que talvez, agora a fizesse feliz,
Um tesouro há séculos escondido.
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E as lágrimas que eram de alegria,
Tornaram a sua face tão luzidia,
Depois de tanto tempo a viver infeliz.
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Cristina Ivens Duarte-07/03/2017

sexta-feira, 3 de março de 2017

O Meu Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, 
Tão triste, tão vago, tão magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio tão amargo.
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Não consigo bradar o meu peito,
Que por frieza, engano e distancia,
Morre, mirra, putrefeito,
Por ausência, e tamanha inconstância.
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Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil,
 Que no espelho ficou perdida,
 A minha sombra táctil.
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Compreendi que muitos amigos que fiz,
Não me fizeram nada, além de inquietude,
Nem sequer saber o que é ser feliz,
Nos caminhos desta vida...eu soube.
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Antes que as mágoas me façam sangrar,
Nestes versos eu choro em palavras,
Em pranto me ponho a desabafar,
Lágrimas das minhas lavras.
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Cristina Ivens Duarte-03/03/2017