terça-feira, 30 de agosto de 2016

Tudo por ti

Tivesse eu do firmamento mil véus bordados,
com fios de ouro e de prata, azuis claros e escuros,
como a noite e a luz da penumbra, estenderia-os a teus pés:
Caminhavas levemente sobre os meus sonhos e ficarias a saber 
o quanto te amo.
Neles verias, as colheres de açúcar que os nossos beijos sorvem
o cacau a dissolver-se no palato das nossas bocas
deixando cair pelo teu peito tenebroso, um viscoso licor achocolatado.
Tivesse eu capacidade de te abocanhar de uma só vez, como uma leoa,
serias o meu alimento e saciarias a minha sede.
Romperia a tua pele como um cordeiro e aninhava-me numa costela
solta pelo meu desvaire e loucura.
Antes de ti, parece-me ter somente memórias a preto e branco
mas, quando vieste, trouxeste as estrelas contigo,
balões encarnados e bolhinhas de champanhe.
Como vês, tu estás sempre nos meus sonhos, despido,
como um anjo, com as asas prontas para voar
mesmo dormindo, pedindo que te acorde e te chame de amor. 

Cristina Ivens Duarte-30/08/2016



sábado, 20 de agosto de 2016

Na Morada Dos Sentimentos

Logo bem cedo, pelo alvor
a lareira se acende, com a força do vento
as borboletas acordam, fazem amor
na minha morada do sentimento.
Um cheiro a poesia se espalha no ar
poisando nos meus beirais de faiança
alegando que estou a confeccionar
pezinhos de fé e de esperança.
Nas janelas embaciadas
desenho alguns corações
fazem lembrar, que estão constipadas
com a febre das emoções.
Toda a ternura que me envolve
são meros cheiros almiscarados
um acre a madeira, de uma casa pobre
o cheiro do poder, de sermos abraçados.

Cristina Ivens Duarte-20/08/2016



sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Pedacinhos de amor

Gosto da tua respiração
quando estás junto de mim
apagas a minha solidão
quando me olhas assim.

Quando estamos sós
sinto um amor profundo
julgo até que nós...
somos os donos do mundo.

Não me importo de olhar para ti
toda a vida, sem me cansar
quando deixo de te ver
sinto os meus olhos a morrer
de tanto te procurar.

O teu amor é só meu
para mim estava guardado
vivia dentro do teu
a sete chaves fechado.

Quando sonho acordado
tu és a minha fantasia
fico em sonhos abraçado
sonho de noite e de dia.

O sonho do meu querer
contigo me faz sonhar
se o teu amor não posso ter
nunca mais quero acordar.

Cristina Ivens Duarte-19/08/2016

sábado, 13 de agosto de 2016

Espelhos De Água

Toda aquela esperança que tinhas
na fonte dos teus olhos felizes...
é agora uma chuva miudinha
que vês, ignoras...e nem dizes.

Teus olhos são espelhos de água
pela salga das lágrimas caídas...
duas malgas cravadas de mágoas
contra os muros da vida...sofridas.

Essa tua afeição pela cor preta
da solidão da noite impiedosa
esperando que o brilho de um cometa
te faça lembrar o cheiro de uma rosa.

Afinal... um pouco de esperança te resta!
se aguardas algo que te desperte...
do céu cai sempre uma flecha
que levante o teu corpo inerte.

Cristina Ivens Duarte-13/08/2016


domingo, 7 de agosto de 2016

Uma história de encantar

Nas ondas do mar cá fora
nas ondas do mar lá dentro
fiz da vida  uma história...
com o meu fraco pensamento.

Fui levada por um remoinho...
que me cobriu de areia e cristais
temi que o meu corpo franzino
desfalecesse contra os corais.

Dei de caras com um cardume
que aguardava a minha vinda
estavam cheios de ciume...
e eu nem peixe... era.ainda.

 Uma formosa baleia...
com os seus pequenos descendentes
transformou-me numa sereia...
com os seus olhos incandescentes.

Daqueles mares nunca mais saí
enamorei-me por um golfinho
com o meu encanto o atraí
e levei-o para o remoinho.

Rodopia-mos sem parar...
quase que afogamos na areia
não fosse a história acabar...
o golfinho se transformava em sereia.

Cristina Ivens Duarte





segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Na ombreira da minha porta...

Na ombreira da minha porta
há um dedilhar continuo...
das tuas mãos que me abortam
deste meu pesar martírio.

Foram tantas as vezes...
que rezei pela tua chegada
nos meus infortúnios reveses
choro sobre cada dedada.

Este rastilho que me incendeia
fulmina o meu coração...
é um torniquete que me fazes na veia
com as marcas da tua mão.

E nada apaga esta nódoa
na ombreira da minha porta
ficou vincada a mágoa...
da lamuria que nasceu morta.

As labaredas do meu caminho...
fortalecem a minha esperança
da minha carne tirar o teu espinho
e a tua mão... da minha lembrança.

Cristina Maria Afonso Ivens Duarte--1/08/2016